segunda-feira, 2 de março de 2009

Especialista mostra como alguns cosméticos podem prejudicar a beleza e a saúde


"Ingredientes disfarçados nos produtos podem ser prejudiciais"

Produtos à base de derivados de petróleo, formol, entre outros ativos, podem causar alergias e até mesmo câncer.

A composição dos cosméticos usados diariamente por milhões de pessoas pode trazer ingredientes potencialmente perigosos para a saúde e, por consequencia, causar o efeito contrário ao de embelezar-se.

Segundo o professor de cosmetologia e diretor da Consulfarma, Maurício Pupo, há ingredientes em cosméticos que, quando em contato com a pele, podem trazer prejuízos como, por exemplo, irritações e alergias cutâneas, até mesmo doenças mais graves, como o câncer.

“Infelizmente, muitos destes cosméticos contém ingredientes que fazem mal à pele, porém eles estão disfarçados nos produtos que usamos todos os dias, sendo difícil sua identificação, pois os aromas e os corantes agradáveis distraem a atenção do consumidor. Recomendo procurar produtos com ingredientes próprios para o seu tipo de pele, isto é, eudérmicos”, diz Pupo.

Confira abaixo uma lista de ingredientes, que o professor Maurício Pupo indica observar atentamente antes de comprar e utilizar qualquer cosmético.

Uréia: placenta desprotegida
A uréia é, com certeza, um dos hidratantes mais utilizados em cosméticos, tanto pela sua eficácia, quanto pelo seu baixo preço. No entanto, a substância é proibida para mulheres grávidas, porque penetra profundamente na pele e até mesmo atravessar a placenta nas gestantes, podendo chegar até o feto em formação e trazer consequências ao bebê.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determina que todas as vezes que um produto tiver na sua composição a uréia em dosagens maiores que 3%, o mesmo deve conter no rótulo o seguinte alerta: “Não Utilizar Durante a Gravidez”. A agência também proibiu a fabricação de cosméticos que contenham em sua composição mais de 10% de uréia.

Parabenos: ação hormonal
Conforme estudo realizado na Universidade de Reading, no Reino Unido, e publicado no “Journal of Applied Toxicology”, os conservantes Parabenos apresentam propriedades estrogênicas, ou seja, se comportam como se fossem o estrogênio, um hormônio feminino.

O mesmo jornal publicou que o uso de parabenos em produtos cosméticos destinados à aplicação na área axilar, como desodorantes, deve ser reavaliado, pois estudos recentes levantaram a hipótese de que o uso dele nessa região pode estar associado ao aumento da incidência de câncer de mama. Os parabenos podem ser identificados nas formulações dos cosméticos e desodorantes com diversas nomenclaturas: Parabens, Methylparaben, Ethylparaben, Propylparaben e Butylparaben.

Atualmente, o mercado possui preservantes naturais ou mais modernos que, até o momento, demonstraram segurança, permitindo o desenvolvimento de formulações mais seguras.

Conservantes liberadores de formol: aumenta os riscos de câncer de pele
Muitos cosméticos utilizam em sua formulação alguns tipos de conservantes que produzem e liberam formol na pele. Além da já conhecida toxicidade do formol, um estudo realizado no Departamento de Dermatologia da Universidade de Debrecen, na Hungria, revelou que a substância pode contribuir para o aparecimento de câncer induzido pela radiação ultravioleta do sol.

O consumidor pode se proteger destas substâncias observando cuidadosamente os rótulos das embalagens, procurando pelas seguintes substâncias: quatérnium-15, diazolidinil hora, imidazolidinil uréia e DMDM hidantoína.

Propilenoglicol: risco de alergias
O propilenoglicol é utilizado como diluente de outras substâncias, sendo muito usado em uma ampla variedade de cosméticos. O perigo de seu uso está nos problemas de alergias e irritações que pode desencadear na pele.

Um estudo realizado com 45.138 pacientes na Universidade de Göttingen, na Alemanha, confirmou o potencial sensibilizante (potencial para causar alergias) do propilenoglicol, confirmado por um outro estudo realizado no Departamento de Dermatologia do Hospital Osaka Red Cross, no Japão.

Para saber se o seu produto cosmético contém propilenoglicol na composição, verifique a palavra propylene glycol no rótulo da embalagem.

Óleo mineral e outros derivados do petróleo: aumenta chances de câncer
Os derivados do petróleo, como por exemplo, os óleos minerais, estão presentes na maioria dos produtos cosméticos, devido sua propriedade emoliente, ou seja, hidratante para a pele. Entretanto, estudos recentes vêm associando esses componentes ao aumento da mortalidade por diversos tipos de câncer, como o de pulmão, esôfago, estômago, linfoma e leucemia.

Isso se deve devido à presença de um composto chamado 1,4 dioxano, uma substância cancerígena, como relata pesquisas publicadas nos periódicos “American Journal of Industrial Medicine” (Departamento de Epidemiologia, Escola de Saúde Pública, Los Angeles, CA outubro de 2005), “Contact Dermatitis” (Departamento de Dermatologia, Nagoya City University Medical School, Japão, abril de 1989) e “Regulatory Toxicology and Pharmacology” (outubro de 2003).

Para identificar a presença desses componentes em seu produto cosmético, basta procurar no rótulo as palavras paraffin oil e mineral oil.

Filtro Solar com benzofenonas e derivados da cânfora: efeito estrogênico no organismo
O uso diário de filtros solares é indispensável para evitar o envelhecimento precoce e o câncer de pele. Porém, um estudo realizado no Departamento de Dermatologia do Hospital Bispebjerg, na Dinamarca, apontou a presença de fotoprotetores no sangue e na urina, indicando que estes foram absorvidos pelo organismo. Para completar essa informação, outro estudo realizado na Universidade Utrecht, na Holanda, comprovou que esses compostos imitam o hormônio feminino estrogênio.

Para maior segurança, no momento da compra de um fotoprotetor, procure nos rótulos as palavras benzophenone e/ou 3-(4-methyl-benzylidene).

Corantes artificiais e essências Alergênicas
Segundo estudo realizado pela Comissão Européia de Empresas e Indústrias Farmacêuticas, os corantes (substâncias responsáveis por colorir os produtos) e as essências (substâncias responsáveis pelo odor agradável), podem causar alergias na pele. Portanto, para quem sofre de alergia a cosméticos, dê preferência àqueles formulados sem corantes e com baixo teor de essências.

Lanolina, ácido sórbico e bronopol: alergias na pele
A Comissão Européia de Empresas e Indústrias Farmacêuticas classifica vários componentes usados em formulações cosméticas como alergênicos (causadores de alergia) para a pele. Entre eles, é relevante citar a lanolina, uma substância obtida da lã do carneiro e comumente usada em produtos cosméticos como substância emoliente (hidratante), podendo causar alergias locais na pele de pessoas predispostas. Nos rótulos das embalagens, a lanolina é encontrada como lanolin. Outros componentes são o ácido sórbico, encontrado nos rótulos dos produtos cosméticos como sorbic acid e o bronopol.
Fonte: Revista Mulher

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